“Pode-se dizer que foi o pior álcool que a perícia da Polícia Federal analisou esse ano”, diz delegado da PF sobre material utilizado pelo Hospital Ernestina Lopes Jaime

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A Polícia Federal prendeu ontem(15) sete pessoas durante uma operação contra irregularidades na compra de materiais usados no combate à Covid-19 em Goiás. Segundo as investigações, os produtos, como álcool e máscaras, comprados por uma organização social, eram de péssima qualidade e podiam até fazer mal às pessoas. O prejuízo estimado é de R$ 2 milhões.

De acordo com a polícia, o álcool em gel vendido para ser usado no Hospital Estadual Ernestina Lopes Jaime, em Pirenópolis, tinha substâncias que podem ser tóxicas, como o tolueno, que dá nome à operação.

“A grosso modo, o tolueno é o tíner, um solvente de cola de sapateiro. Faz muito mal, se você ficar respirando aqui ali, você pode ter vários problemas, inclusive desmaios. Para se ter uma ideia, das análises que a Polícia Federal fez, foi o álcool de pior qualidade, o único com tantos hidrocarbonetos. Pode-se dizer que foi o pior álcool que a perícia da Polícia Federal analisou esse ano, e já foram feitas mais de 100”, disse o delegado da PF, Franco Perazzoni, comparando o produto ao que é vendido na bomba dos postos de combustíveis.

Em nota, a organização social Instituto Brasileiro de Gestão Hospitalar (IBGH), que administra o hospital e foi um dos alvos da operação, informou que vai aguardar a apuração dos fatos para se pronunciar formalmente.

O secretário de Saúde, Ismael Alexandrino, informou que a secretaria está dando apoio às operações, fornecendo as informações necessárias para as investigações. “Nós emitimos um ofício para essa organização social pedindo o afastamento dos três diretores dele. Nós pedimos também que o saldo em conta, que é de R$ 4 milhões, superior ao possível prejuízo, seja bloqueado. Estamos aguardando mais explicações da organização social no prazo de 24 horas”, disse. A Secretaria de Estado da Saúde determinou também o afastamento da diretora administrativa do Hospital Estadual Ernestina Lopes Jaime, de Pirenópolis, Leda Márcia de Vasconcelos, do superintendente administrativo financeiro Paulo Eduardo Leite Dias e do gestor de suprimentos Marcelo Carvalho Sousa, ambos do Instituto Brasileiro de Gestão Hospitalar (IBGH).

Ele reforçou ainda que se for comprovado alguma irregularidade ou ilicitude por parte da organização social, isso pode desencadear na suspensão do contrato.

Ao todo, também foram cumpridos 13 mandados de busca. Um mandado de prisão não foi cumprido porque a pessoa não foi localizada. Entre os investigados estão dois empresários responsáveis pela fábrica que produzia o álcool gel, três representante das empresas que vendiam os materiais para o hospital e três servidores da organização social. Os nomes deles não foram divulgados pela polícia.

Os mandados foram cumpridos em Pirenópolis, GoiâniaAparecida de Goiânia, Brasília e Macapá (AP). Além disso, também são cumpridos sequestros e indisponibilidade de bens dos envolvidos e afastamento preventivo de agentes públicos.

Investigação

A ação apurou que as irregularidades eram intermediadas pelo IBGH, organização social contratada pela Secretaria de Estado de Saúde para administrar o Hospital Estadual Ernestina Lopes Jaime. Um levantamento da Controladoria-Geral da União também apontou indicativos de favorecimento e conluio entre empresas, facilitando assim o superfaturamento. As investigações começaram após a Promotoria de Justiça de Pirenópolis receber denúncias de que os materiais hospitalares comprados pelo Hospital Estadual Ernestina Lopes Jaime eram de péssima qualidade.

Foram apreendidos cerca de 400 litros do álcool no hospital e na sede da organização social, em Aparecida de Goiânia.

Ainda segundo a investigações, os dados de notas fiscais emitidas pela empresa têm grandes variações de preços, dependendo de acordo com cada comprador. Um mesmo galão de 5 litros de álcool gel, por exemplo, variou de R$ 50 a R$ 300 entre março e junho deste ano.

*Com informações de G!GO

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