Pesquisa desenvolvida na Faculdade de Nutrição da UFG visa conhecer os benefícios do consumo da amêndoa de baru para a prevenção de doenças crônicas tais como alzheimer, parkinson, cirrose, diabetes, obesidade, câncer e doenças do coração.
A nutricionista Ana Paula Nunes Bento**, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Saúde, orientanda da professora doutora Maria Margareth Veloso Naves, e coorientanda das professoras doutoras Mara Reis Silva e Cristiane Cominetti desenvolve, desde o início de 2012 a pesquisa intitulada “Efeito do consumo da amêndoa de baru sobre o perfil lipídico e o estado oxidativo de indivíduos leve a moderadamente hipercolesterolêmicos”. Em entrevista, a mestranda explica detalhes sobre seu projeto, bem como a possível contribuição da pesquisa para a prevenção de doenças crônicas.
De que trata sua pesquisa?
Ana Paula: Minha pesquisa busca avaliar o efeito do consumo da semente (amêndoa) de baru sobre a saúde humana. Especificamente, vamos avaliar se a suplementação com essa amêndoa é capaz de provocar alterações benéficas nos níveis sanguíneos de colesterol total, LDL e HDL e no estado oxidativo de adultos que tenham alterações mínimas ou moderadas de colesterol.
O que já foi descoberto sobre o assunto?
Ana Paula: O baru é um fruto do Cerrado brasileiro, cuja semente (amêndoa) é comestível. Essa amêndoa tem chamado atenção da comunidade científica pela sua composição nutricional, com destaque para a predominância de gorduras insaturadas e a elevada concentração de antioxidantes naturais como o zinco e a vitamina E. Além disso, a amêndoa de baru possui uma boa quantidade de fibras. Estudo realizado aqui na Faculdade de Nutrição em 2011, mostrou que a suplementação dessa amêndoa foi capaz de reduzir o colesterol total, aumentar o HDL (bom colesterol) e melhorar o estado oxidativo de ratos. Não há na literatura registros de trabalhos que avaliem o consumo de baru sobre a saúde humana. Trabalhos sobre o consumo de outras oleoginosas mundialmente conhecidas como as nozes, castanha-de-caju, pistache, castanha-do-pará e amendoim, já demonstraram efeitos positivos na redução dos níveis de colesterol e melhora do estado oxidativo em humanos.
Em que aspecto sua pesquisa poderá contribuir para o conhecimento científico?
Ana Paula: Nosso projeto é pioneiro no que diz respeito à avaliação do efeito do consumo dessa amêndoa sobre a saúde humana.
Qual a possível contribuição de sua pesquisa para a vida das pessoas (sociedade)?
Ana Paula: Já é bem estabelecido pela literatura que níveis aumentados de colesterol total e LDL-colesterol são fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Além disso, o estresse oxidativo (desequilíbrio entre oxidantes e antioxidantes do organismo) está envolvido no desenvolvimento de doenças inflamatórias intestinais, Alzheimer, Parkinson, cirrose, diabetes, obesidade, câncer e doenças do coração. Nesse sentido, caso seja demonstrado que a amêndoa de baru tem efeito benéfico sobre os níveis de colesterol e o estado oxidativo, ela poderá ser utilizada como aliada na prevenção de doenças crônicas.
Como sua pesquisa pode contribuir para o desenvolvimento de novos produtos/serviços? Que tipo de produtos/serviços podem ser aperfeiçoados ou criados a partir de sua pesquisa?
Ana Paula:Num aspecto macro, a divulgação dos resultados poderá promover uma maior adesão ao consumo da amêndoa de baru, valorizando assim os alimentos nativos do Cerrado brasileiro. Esse conhecimento contribuirá para o desenvolvimento socioeconômico e sustentabilidade do Cerrado.
Considerações finais:
Ana Paula: É importante ressaltar que uma vida saudável e a prevenção do desenvolvimento de doenças crônicas não se restringem ao consumo de um único alimento. É necessário que haja uma prática regular de exercícios físicos e uma alimentação saudável e adequada. O baru está sendo estudado para ser um aliado nesse processo, podendo figurar como um componente importante no processo de prevenção ou tratamento dessas doenças.
** Nutricionista graduada pela Universidade Federal de Goiás (UFG) em 2011. Durante a graduação, foi bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET) por dois anos. Atualmente é nutricionista na clínica Arícia Motta Nutrição e discente do Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Saúde, nível mestrado, da UFG. Bolsista FAPEG, seu projeto está inserido na linha de pesquisa “Qualidade de Alimentos e Dietas”, sob orientação da profª drª Maria Margareth Veloso Naves e co-orientação das professoras Drª Mara Reis Silva e Drª Cristiane Cominetti. |
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