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Porque 8 de março é considerado o Dia Internacional da Mulher?

 

Muitas pessoas consideram o 8 de Março apenas uma data de homenagens às mulheres, mas, diferentemente de outros dias comemorativas, ela não foi criada pelo comércio - e tem raízes históricas mais profundas e sérias.

Oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, o chamado Dia Internacional da Mulher é comemorado desde o início do século 20.

Hoje, a data é cada vez mais lembrada como um dia para reivindicar igualdade de gênero e com protestos ao redor do mundo - aproximando-a de sua origem na luta de mulheres que trabalhavam em fábricas nos Estados Unidos e em alguns países da Europa.

A origem da data escolhida para celebrar as mulheres tem algumas explicações históricas. No Brasil, é muito comum relacioná-la ao incêndio ocorrido em Nova York no dia 25 de março de 1911 na Triangle Shirtwaist Company, quando 146 trabalhadores morreram, sendo 125 mulheres e 21 homens (naa maioria, judeus), que trouxe à tona as más condições enfrentadas por mulheres na Revolução Industrial.

Naquele dia, cerca de 15 mil mulheres marcharam nas ruas da cidade por melhores condições de trabalho - na época, as jornadas para elas poderiam chegar a 16h por dia, seis dias por semana e, não raro, incluíam também os domingos. Ali teria sido celebrado pela primeira vez o "Dia Nacional da Mulher" americano.

Enquanto isso, também crescia na Europa o movimento nas fábricas. Em agosto de 1910, a alemã Clara Zetkin propôs em reunião da Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas a criação de uma jornada de manifestações.

"Não era uma questão de data específica. Ela fez declarações na Internacional Socialista com uma proposta para que houvesse um momento do movimento sindical e socialista dedicado à questão das​​ mulheres", explicou à BBC News Brasil a socióloga Eva Blay, uma das pioneiras nos estudos sobre os direitos das mulheres no país.

"A situação da mulher era muito diferente e pior que a dos homens nas questões trabalhistas daquela época", disse ela, que é coordenadora da USP Mulheres.

A proposta de Zetkin, segundo os registros que se tem hoje, era de uma jornada anual de manifestações das mulheres pela igualdade de direitos, sem exatamente determinar uma data. O primeiro dia oficial da mulher seria celebrado, então, em 19 de março de 1911.

Protestos das sufragistas pelo direito de votar nos Estados Unidos em 1913

Em 1913, as mulheres já protestavam pelo direito de votar nos Estados Unidos; nessa época, eram frequentes os protestos também por melhores condições de trabalho

Em 1917, houve um marco ainda mais forte daquele que viria a ser o 8 de Março. Naquele dia, um grupo de operárias saiu às ruas para se manifestar contra a fome e a Primeira Guerra Mundial, movimento que seria o pontapé inicial da Revolução Russa.

O protesto aconteceu em 23 de fevereiro pelo antigo calendário russo - 8 de março no calendário gregoriano, que os soviéticos adotariam em 1918 e é utilizado pela maioria dos países do mundo hoje.

Após a revolução bolchevique, a data foi oficializada entre os soviéticos como celebração da "mulher heróica e trabalhadora".

Data foi oficializada em 1975

O chamado Dia Internacional da Mulher só foi oficializado em 1975, ano que a ONU intitulou de Ano Internacional da Mulher para lembrar suas conquistas políticas e sociais.

"Esse dia tem uma importância histórica porque levantou um problema que não foi resolvido até hoje. A desigualdade de gênero permanece até hoje. As condições de trabalho ainda são piores para as mulheres", pontuou Eva Blay.

"Já faz mais de cem anos que isso foi levantado e é bom a gente continuar reclamando, porque os problemas persistem. Historicamente, isso é fundamental."

No mundo inteiro, a data ainda é comemorada, mas ao longo do tempo ganhou um aspecto "comercial" em muitos lugares.

O dia 8 de março é considerado feriado nacional em vários países, como a própria Rússia, onde as vendas nas floriculturas se multiplicam nos dias que antecedem a data, já que homens costumam presentear as mulheres com flores na ocasião.

Na China, as mulheres chegam a ter metade do dia de folga no 8 de Março, conforme é recomendado pelo governo - mas nem todas as empresas seguem essa prática.

Já nos Estados Unidos, o mês de março é um mês histórico de marchas das mulheres.

No Brasil, a data também é marcada por protestos nas principais cidades do país, com reivindicações sobre igualdade salarial e protestos contra a criminalização do aborto e a violência contra a mulher.

 

"Certamente, o 8 de Março é um dia de luta, dia para lembrarmos que ainda há muitos problemas a serem resolvidos, como os da violência contra a mulher, do feminicídio, do aborto, e da própria diferença salarial", observou Blay.

Segundo ela, mesmo passadas décadas de protestos das mulheres e de celebração do 8 de Março, a evolução ainda foi muito pequena.

"Acho que o que evoluiu é que hoje a gente consegue falar sobre os problemas. Antes, se escondia isso. Tudo ficava entre quatro paredes. Antes, esses problemas eram mais aceitos, hoje não."

 

Goiás ocupa a terceira posição no ranking nacional em casos de feminicídio

 

Casos de mortes de mulheres em virtude de violência doméstica e familiar ou discriminação ao gênero têm sido cada vez mais recorrentes no Brasil. Em Goiás, a realidade não é diferente. Segundo levantamento realizado pelo jornal O Globo, o Estado registrou 161 novos processos até novembro de 2018, ocupando a terceira posição no ranking nacional em casos de feminicídio. Ao todo, foram coletadas informações de 13 dos 27 tribunais de Justiça do país.

Promulgada em 2015, a Lei do Feminicídio passou a tipificar como crime hediondo o assassinato de mulheres, com pena de 12 a 30 anos de reclusão. Apesar disso, a lei ainda não conseguiu promover alterações significativas com relação ao crime.

De acordo com os dados da reportagem, a nível nacional, foram registrados 1.469 mortes e tentativas de assassinato de mulheres, um crescimento de 51, 28% entre 2016 e 2018. Em primeiro lugar, está Rio Grande do Sul com 340 casos, seguido por Santa Catarina com 250 registros e Goiás com 161. ​​ Por ser uma previsão recente, alguns tribunais admitiram dificuldades para contabilizar os casos, devido a problemas em sistemas de banco de dados e estatísticas.

Para o professor da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), Julio Jacobo, a compilação deficiente de informações acaba se tornando um impasse para pesquisadores e, consequentemente, acaba​​ refletindo negativamente no desenho de políticas públicas. ​​ “Em geral, esses dados são difíceis de conseguir. Muitas vezes, órgãos do Poder Executivo, como ministérios, liberam as informações até quatro anos depois, e acabamos tendo acesso a dados anacrônicos. Os dados do Judiciário são ainda mais opacos. Por isso, quando observamos o problema, ele já passou ou se agravou por si próprio”, afirmou à reportagem.

*Com informações da BBC e Jornal O Globo*

 

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