O guia de turismo Cristiano Costa compartilhou imagens dos estragos deste final de semana. A tradicional Rua do Lazer, que fica no fim de uma baixada, próximo ao Rio das Almas, foi um dos pontos mais atingidos pela enxurrada. Segundo conta o guia, algumas mudanças na cidade mudaram não apenas o fluxo da chuva, mas a capacidade de absorção de absorção de água do solo.“Passarelas feitas próximas da Feirinha das Artes, no Coreto, criaram uma barreira para as enxurradas”, explicou. Segundo conta Cristiano, a construção dessas passarelas criaram barreiras para a água que desce o morro, que amenizava o fluxo em direção à Rua do Lazer. Com a nova construção, a água não entra mais na via e desce diretamente para o Rio das Almas, pela Rua do Lazer, uma das mais movimentadas da cidade.

Um fator que contribui ainda mais para o aumento dos anos seria a impermeabilização de Pirenópolis. Cristiano compartilha que já percebeu o processo de concretagem de alguns jardins na cidade, próximos, inclusive, do Centro Histórico. “As pessoas estão arrancando aqueles jardins de frente das casas e pondo calçada para abrir comércio, por mesa”, conta um pouco do que se passa na Rua dos Rosários.

Com o aumento das enxurradas, o pavimento da Rua do Lazer começa a ser arrancado e, por consequência, a erosão do solo intensifica o rebaixamento das vias. “A rua está afundando”, lamenta o guia turístico.

Em nota, a Prefeitura de Pirenópolis afirma “que está monitorando eventuais danos provocados pelas fortes chuvas dos últimos dias”. O órgão reconheceu os impactos negativos da passarela próxima à Feirinha das Artes e disse já ter realizado modificações corretivas na obra, a fim de permitir escoamento da água da chuva.

“Por ser uma cidade centenária e histórica, Pirenópolis não tem sistemas de drenagens eficientes e sofre anualmente com as chuvas torrenciais. A prefeitura já vistoriou os danos na rua do Lazer e realizará os reparos o mais breve possível”, concluem.

Denúncias da destruição do patrimônio histórico da cidade foram feitas junto ao Ministério Público (MP) e ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Até o fechamento desta reportagem não tivemos retorno do MP. O espaço segue aberto.

Em resposta, o Iphan informou que as primeiras chuvas que ocorrem entre os meses de outubro e novembro provocam um fluxo maior de águas, que causam inundações, e são recorrentes no município de Pirenópolis, em função da própria topografia, que no pico máximo chegam a inundar a Rua do Lazer, o Rancho Beira Rio e outras vias. (Leia a nota na íntegra no final da reportagem)

Nota do Iphan

As primeiras chuvas que ocorrem entre os meses de outubro e novembro provocam um fluxo maior de águas, que causam inundações, e são recorrentes no município de Pirenópolis, em função da própria topografia, que no pico máximo chegam a inundar a Rua do Lazer, o Rancho Beira Rio e outras vias.

O que agrava as inundações recorrentes do rio, córregos e das águas pluviais é a impermeabilização dos solos (que é a perda ou retirada da capacidade do solo de absorver água), que acontecem com a substituição dos solos dos quintais dos casarões e vias. Um exemplo de impermeabilização dos solos é a retirada dos canteiros e jardins da Rua Aurora, sendo substituídos por calçamento para colocação
de mesas e cadeiras por estabelecimentos comerciais. Acrescenta-se a probabilidade da queda de árvores na Rua Aurora, diante da impossibilidade do solo absorver as águas pluviais.

Tanto a retirada dos canteiros e jardins, quanto a inserção das faixas elevatórias foram autorizadas pela Prefeitura de Pirenópolis. O Iphan apresentou recomendações para que as intervenções no sítio tombado e no seu entorno levassem em conta a preservação, a valorização e a qualificação da paisagem das áreas protegidas, visando a garantir a perduração das características coloniais e a permanência dos valores
históricos, etnográficos, e paisagísticos que justificaram seu tombamento.

Ao Iphan cabe proteger e promover os bens culturais do País, assegurando sua permanência e usufruto para gerações presentes e futuras. Isso é feito por meio de ações de fiscalização, recomendações e até mesmo de embargo, caso ameacem os bens tombados. Cabe aos proprietários desses bens, sejam eles públicos ou privados, implementar essas ações de conservação. No caso em tela, a autonomia para lidar e gerir as questões urbanas pertence à Prefeitura Municipal.

A solução seria uma discussão da Prefeitura com especialistas, na busca de iniciativas técnicas para diminuir e assegurar que a água seja absorvida pelos solos de jardins, quintais, áreas verdes e redes de água pluvial, que não estão dimensionadas para o excesso de água que cai nessa época do ano, agravado pelas mudanças climáticas atuais.  Com informações de jornal Opção, jornal Anhanguera.