As crateras que surpreenderam moradores de uma fazenda em Vila Propício, próximo a Pirenópolis, se chamam “dolinas” e são erosões que podem indicar cavidades subterrâneas ainda maiores, como a existência de cavernas, é o que explica Renata Santos Momoli, doutora em solos e engenheira agrônoma e professora na Universidade Federal de Goiás (UFG).
“O buraco na superfície indica que há outros buracos embaixo, que não podemos ver. Não precisa estar chovendo para isso [cratera] acontecer. No entanto, com as chuvas acontece mais rápido”, explica.
Inicialmente, foi falado de que as crateras na região seriam as chamadas “voçorocas”, porém, a pesquisadora explica que, por conta da região rochosa de Vila Propício e de outras cidades nas imediações, o solo se modifica de dentro para fora, apontando os sinais da mudança.“Tem a ver com o tipo de rocha que tem no substrato do solo da região de Vila Propício, Niquelândia, Cocalzinho e outras. O solo contém diversos tipos de rochas que são solúveis em água”, explica Renata.
Processo natural
Ilustração sobre a formação das crateras chamadas dolinas — Foto: Renata Momoli
A pesquisadora explica que as dolinas acontecem em regiões limitadas, onde as rochas, que ficam debaixo do solo, sofrem dissolução em água.
“As dolinas ‘furam’ de dentro para fora, ao contrário das voçorocas. Quando as rochas se dissolvem, formam espaços vazios, o solo fica sem sustentação e colapsa [cai]”, explica Renata.
A agrônoma conta que não há processo de reversão para as dolinas, já que os buracos no solo podem ser de tamanhos variados, indicando a existência até mesmo de cavernas. Os buracos no subsolo podem ou não estar cheios d’água.
Dolina dos Maracanãs que fica no distrito do Bezerra, em Formosa — Foto: Reprodução/Site Dolina dos Maracanãs
“Um dos maiores problemas que a gente enfrenta é o desconhecimento em relação a esse tipo de terreno. O correto é isolar a área, colocar terra por cima pode só piorar a situação. O solo naquela parte pode se tornar inútil para a produção agrícola. ”, ressalta Renata.
Renata Momoli atua no grupo Pequi de Pesquisa e Extensão do Laboratório de Geomorfologia, Pedologia e Geografia Física do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás
Moradores assustados
A secretária de administração de Vila Propício, Nara Cristina, contou que as crateras se abriram em uma propriedade privada do município. Imagens mostram o tamanho dos buracos e até um trator que ficou preso a terra.
De acordo com a Prefeitura, as erosões começaram de forma mais branda em dezembro do ano passado, mas se intensificaram na última semana, devido a grande quantidade de chuvas na região.
A dona da fazenda contou que, após as crateras se abrirem, ela mandou arrumar o solo da propriedade de imediato, já que ela possui animais que dependem do pasto. Fonte: G1GO
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