Volta às aulas: Secretaria Municipal de Educação elabora novas regras e gera insatisfação entre os pais que pedem anulação da Nota Técnica

A nota técnica nº001/2022 da Secretaria Municipal de Educação (SME), através do Conselho Municipal de Educação, recomendando cuidados para evitar a contaminação em ambiente escolar está gerando grande insatisfação entre os pais ao ponto de organizarem um movimento para anular o documento imposto nas escolas de ensino fundamental.

De acordo Pyrena Nikole de Oliveira Fleury, uma das mães que apoia a anulação do documento, as normas estão sendo impostas sem nenhum fundamento e com muitas incoerências. “Temos direito à esclarecimentos e ao diálogo, nós como pais, responsáveis e cidadãos”, relatou a mãe contestando o texto que estipula a presencialidade dos alunos da Rede Municipal de Ensino em horários reduzidos.

A Nota Técnica diz que durante a Semana de Acolhimento, iniciada na última segunda-feira (01), as aulas estão acontecendo das 07h00 às 09h00 e das 13h00 às 15h00 e acompanhamento do grupo de WhatsApp/Agenda Virtual, das 09h30 às 11h00 e das 15h30 às 17h00.

Nikole explica que tem uma filha que frequenta a rede pública estadual e um filho que está no ensino fundamental da rede municipal e após 2 anos sem frequentar escola, somente com aulas remotas, é inquestionável que o ensino foi bastante precário. “Semestre passado, as escolas particulares e as estaduais retornaram às aulas presenciais. A primeira facultativa e a segunda com sistema de rodizio, ambas seguindo os protocolos de biossegurança. A rede municipal nada. Nenhum pronunciamento. Nenhuma ação voltada para o retorno das aulas presenciais. Continuaram no sistema entrega apostila, vídeo de como fazer as atividades, avaliação em casa. Nossa expectativa era de que iria retornar esse ano, já que se passaram dois anos. E demais redes de ensino retomando normalmente. Mas não, para nossa surpresa, fomos informados um dia antes do início das aulas que seriam 2 aulas de 2 horas na semana, sistema de rodízio de classe. Ficamos revoltados, sem entender, qual o propósito de 2 horas de aula? Porque toda rede escolar particular, estadual e demais municípios iniciaram as aulas presenciais normais, seguindo os protocolos oficiais de Covid 19 amplamente divulgados e aqui nossos estudantes não tem esse direito?”, questiona e acrescenta que algumas mães procuraram resposta na Secretaria de Educação e tiveram a seguinte explicação: “As orientações estão descritas na Nota Técnica 001/2022 do Conselho Municipal de Educação de Pirenópolis. Esse documento encontra-se nas unidades escolares municipais. Qualquer dúvida ou sugestão, favor conversar com a Diretora da sua unidade escolar.”

“Eles não demonstram qualquer abertura ao diálogo. A nota não segue manual de recomendação de biossegurança de nenhum órgão responsável. Não há propósito na medida. Não informa porque 2 horas de aula e não 4 horas normais vão proteger as crianças. Não encontramos nada cientificamente dizendo que há diferença de contágio de 2 para 4 horas!”, pontua Nikole, dizendo que percebeu alegria nos olhos do filho indo para aula. “Meu filho amou a professora e ficou tão alegre de ter colegas, depois de 2 anos de isolamento. Hoje tive que contar que não teria mais aulas, novamente casa. Foi apenas um engodo, uma ilusão. Outras mães amigas relataram que seus filhos choraram. Muito triste isso”, lamentou continuando, “desde que me deparei com essa dura realidade tenho lutado contra, procurei professores, vereadores, Secretaria de Educação e Ministério Público de Goiás. Mas até agora o que mais sinto, é uma mistura de revolta e tristeza, revolta pela imposição, por não ver saída e não entender o que está acontecendo. E tristeza por ver meu filho e demais crianças do nosso município sem escola, tão importante em sua formação”, comenta, explicando que não é negacionista. “Sei que ainda enfrentamos uma pandemia. Mas já temos vacinas, conhecemos melhor a doença, há protocolos de biossegurança para nos orientar. Porque continuar impedindo as crianças a usufruir do direito de ir à escola?”, indaga visivelmente revoltada, “a escola é fundamental para o desenvolvimento educacional, social, emocional e psicológico das nossas crianças. Dói ver a tristeza no olhar do meu filho e não poder fazer nada. Dessa forma, conclui que não é por proteção a medida, a meu ver, é maldade e egoísmo. Ação de pessoas que não pensam no próximo, somente em si mesmas, e na própria vaidade. Em um momento tão difícil desses, tomam decisões esdruxulas sem pensar em consequências. A medida não reflete a preocupação com a segurança, nem com o desenvolvimento educacional, social, emocional e psicológico das nossas crianças. Só reflete o egoísmo em si mesmo, a famosa “política p inglês ver”! Desumano. Triste!. Como cidadã e mãe de um filho do ensino fundamental queria somente que meu filho voltasse a frequentar escola e tudo de bom que ela oferece. Agradeço a atenção e peço perdão pelo longo desabafo”, finaliza Pyrena Nikole de Oliveira Fleury.

Questionada sobre o retorna das aulas, a secretária de Educação, Márcia Áurea Oliveira, disse através da assessoria de comunicação da prefeitura, que estão bastante animados com a grata possibilidade de iniciar o ano letivo 2022. “Nesse dias percebemos gradativa adesão dos pais, sempre zelosos e parceiros com a biossegurança solicitada por nossa Escolas. Resultado das ações: da Saúde com vacinação e da comunidade em aplicar a biossegurança. E todos bem conscientes que ainda estamos em pandemia e todas as nossas atividades estão sendo monitoradas. Gradativamente estaremos avançando, alinhados com a Saúde e com o Conselho Municipal de Educação de Pirenópolis. A Nota Técnica 001/2022 do CME descreve nossos primeiros dias. E como já mencionei, com a Saúde e CME acompanhando bem de perto nossas atividades. É muito importante que todos os veículos de comunicação e imprensa colabore conosco mobilizando os pais e a comunidade a reforçarem o uso correto de máscara (protegendo boca e nariz), seguir os protocolos de biossegurança e aderirem às campanhas de vacinação e estamos à disposição”, garantiu Márcia.

A opinião da mãe mencionada acima é compartilhada pela maioria dos pais entrevistados. Um destes pais, disse que deixou sua filha na escola às 07h00 e foi pro trabalho. “Estava no meu trabalho e tive que sair às 09h00 para busca-la na escola. Isso é muito ruim e acho muita hipocrisia. Será que em duas horas as crianças não irão se contaminar e em 4 horas sim, sinceramente não entendi essa Nota Técnica”, desabafou.