‘Via aquela imagem que não era eu’, diz Gabriel, jovem pirenopolino que fará redesignação sexual em Goiânia

0
61

Goiás se consolidou como o estado líder em cirurgias de redesignação sexual no Brasil, conforme dados do DataSUS. Foram 26 procedimentos entre dezembro de 2023 e outubro de 2024 realizados no Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG). Um dos pacientes que vai entrar no próximo ranking é o estudante de estética de Pirenópolis, Gabriel de Almeida Dias, que está na fila para passar pela cirurgia de redesignação.

Com 27 anos, Gabriel vive em Pirenópolis e conta que já tinha dificuldade de aceitar as mudanças do corpo ainda na adolescência. “Na minha adolescência, já pesquisei sobre o universo trans. Já tinha alguns rapazes trans que eu pesquisei e acompanhei por um tempo, mas dado ao meu ciclo social, eu não tive muito apoio para conversar e desenvolver melhor essa ideia. Então eu deixei pra lá e fui viver a vida “normal”, tentando aceitar de todas as formas”, relembra Gabriel.

A trajetória de Gabriel rumo à sua verdadeira identidade começou a se intensificar em 2019. “Via aquela imagem que não era eu. Uma imagem feminina que eu não reconhecia há muito tempo. Foi ali que eu decidi entrar com toda a papelada de troca de nome e ir atrás dos hormônios”, conta ele. Após um acompanhamento hormonal que durou quase dois anos, ele foi encaminhado ao HGG para dar continuidade ao seu tratamento.

“Cheguei lá em dezembro de 2022 e tive minha primeira consulta com a ginecologista. Ela me encaminhou para o psicólogo e para o psiquiatra. Eu já sabia o que eu queria. Na minha puberdade, com meus 13 ou 14 anos, eu já não gostei das mudanças corporais que tive. As duas cirurgias eu sempre quis. A mastectomia e a histerectomia, que é mais pelo desconforto mesmo de continuar menstruando e tendo cólicas”, explica Gabriel.

Apesar dos desafios enfrentados na jornada da transição, Gabriel se considera privilegiado. “Em casa mesmo, com a minha família que convivo, não tive nenhum preconceito. Na rua, apesar de ser uma cidade do interior onde acaba acontecendo muita fofoca, também não recebi nada direto”, afirma ele.

Agora, Gabriel aguarda ansioso pela realização da sua primeira cirurgia plástica – a mastectomia – prevista para os próximos meses. “Estou em 24º lugar na fila do HGG e dentro de dois a três meses realizo a minha primeira cirurgia”, revela.

A crescente realização de cirurgias de redesignação sexual no estado é um reflexo positivo das políticas públicas voltadas à saúde da população trans e representa um avanço significativo na busca por direitos e dignidade para todos. Fonte: Mais Goias.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here