Jeovane Francisco da Silva, passa por uma situação complicada e resolveu tomar uma iniciativa. Sem receber o salário da prefeitura há 7 meses e com bastante problemas financeiros, ele pediu ajuda à imprensa local, para tentar sensibilizar os gestores municipais a arcarem com seu salário. “Eu trabalho no Cemitério de Pirenópolis há 10 anos e nunca passei por esta situação. Nas gestões anteriores, sempre recebemos da prefeitura. Nesta atual, estamos há 7 meses sem receber. Procurei o Sérgio Rady (secretário de Governo) que disse que nossa situação vai ficar assim mesmo, ou seja, sem receber meu salário. Estou indignado”, desabafou o coveiro.
Atualmente, Jeovane trabalha sozinho no local e nessa época de pandemia, disse que às vezes, faz 3(três) enterros por dia. “Antes erámos dois funcionários, o outro pediu demissão. Além de fazer enterros, eu também faço a manutenção do cemitério, que por sinal está com graves problemas nas edificações e de superlotação”, revelou.
Ele disse que paga aluguel, tem esposa e três filhos adolescentes. “Para conseguir me manter estou fazendo bicos em empreitadas. Eu recebia um salário de R$ 2.400, agora sem esse valor para custear minhas contas está muito difícil. Eu sou o provedor da minha família”, pontuou.
Jeovane também falou sobre as condições de trabalho. “Estou trabalhando com EPI´s recebidos no ano passado. Esse ano não recebi nenhum”, conta.
Por fim, ele ressalta a necessidade de pagar suas contas e sobre a questão de saúde no trabalho, “estou sendo obrigado a cobrar, nunca cobrei porque eu recebia da prefeitura. Nessa época, além de eu estar me arriscando, estou arriscando minha família por causa dessa doença”, explica.
Durante todo o dia de ontem, a reportagem do jornal Pirenópolis Online, aguardou um posicionamento da Prefeitura Municipal, através da assessoria de imprensa e do celular pessoal do Secretário de Governo. Até o fechamento desta matéria, não conseguimos nenhuma resposta.
Cronologia do Cemitério São Miguel:
- 1856 – A Câmara Municipal toma providência para construir um cemitério na cidade. Os fazendeiros da região contribuíram financeiramente para o empreendimento.
- 1863 – A Câmara Municipal publica edital referente à anuidade destinada à construção do cemitério: A Câmara Municipal desta cidade faz saber a todos os lavradores e fazendeiros do seu município que estão obrigados ao pagamento de mil reis anualmente, desde o ano de 1856 em diante, cujo produto deve ser aplicado para a factura do cemitério. Outrossim, fica marcado o prazo de 60 dias contados da publicação deste para todos os compreendidos neste edital, sob pena de judicialmente compelidos ao pagamento quando voluntariamente não queiram pagar. Dado em Meia Ponte aos 7dias de Julho de 1863. O Presidente da Câmara Inácio Pereira Leal. O secretário Theodoro Graciano de Pina. (JAYME, 2002, p. 109).
- 1866 – Augusto Ferreira Rança, presidente da província, nomeia uma comissão responsável pela construção do cemitério, presidida pelo Dr. Jeronymo José de Campos Curado Fleury.
- 1867 a 1869 – Período de construção do Cemitério de São Miguel.
- 1869 – Inauguração do Cemitério de São Miguel, em 20 de março. Área: 3.534 m 2 , 57 m de frente e 62 de fundo.
- 1869 – Primeiro sepultamento: Jesuína do Rosário, no dia 23 de março. A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário torna-se responsável pelos sepultamentos dos mortos no cemitério, por intermédio da Irmandade do Santíssimo Sacramento.
- 1964 – Na administração do prefeito Emanuel Jaime Lopes o cemitério teve uma ampliação, sendo esta a sua primeira reforma.
- 1997 e 2000 – O cemitério passou por um processo de reformas e limpeza.
- 2002 – Publicação do livro Casas de Pirenópolis: casas de Deus, casas dos mortos e casas dos homens de Jarbas Jayme e José Jaime, que contém uma vasta documentação sobre o Cemitério de São Miguel.
- 2004 – O cemitério ocupa atualmente uma área de 6.431.40 m 2 , com 105,89 m de frente e 62,65 m de fundo.