O aroma já predomina em nos quatro cantos por onde se vá. Basta andar pelas feiras livres, ruas e avenida que sentimos um perfume facilmente identificável e vem logo na cabeça: “tem alguém preparando pequi por aqui”. Desde início neste mês de outubro está aberta a temporada do pequi, fruto típico do cerrado e um dos símbolos da culinária goiana. Em Pirenópolis e em todo território goiano, vários pequizeiros espalhados encantam os moradores com o desabrochar das flores, amarelas e com pequenas estruturas finas e alongadas.
A florada do pequizeiro aconteceu entre os meses de agosto e setembro, comprovando que mesmo no período da estiagem, a vida não para no cerrado em Goiás. “Deus pensou com muito carinho nos goianos por ter criado esse fruto tão gostoso”, afirma a dona de casa Rosemeire Quirino. Apaixonada pela árvore, ela mantém um pequizeiro no quintal de casa.
Quando as flores caem, o chão enfeitado de amarelo é sinal que logo mais o fruto estará no ponto para ser degustado. O pequi tem gosto marcante e faz parte da essência da culinária regional, proporcionando inúmeras opções de pratos e combinações com outros ingredientes. Porém, a polpa deve ser comida com cuidado, já que é envolta por espinhos.
Além de alto valor para a gastronomia, o pequi também tem propriedades medicinais, como antioxidantes. Eles previnem até mesmo os efeitos colaterais provocados pela quimioterapia.
Pesquisadora de Goiás afirma que pequi é fonte rica em nutrientes. O alimento tem vitamina A e ajuda na elasticidade da pele, diz Fátima Bosa, pesquisadora da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Fátima Bosa. Ela ainda afirma que parte da casca pode ser usada para fabricar cosméticos. Alimento tradicional na mesa dos goianos, o pequi é considerado uma poderosa fonte de nutrientes. De acordo com a pesquisadora, o fruto retém propriedades que contribuem para a saúde. “O pequi é considerado um alimento completo em nutrientes. Ele chega a ser usado como vitamina A sintetizada, que é responsável pela elasticidade da pele”, revela.
Além disso, segundo Fátima Bosa, a casca do fruto típico do cerrado também pode ser utilizada para fabricação de produtos para a beleza.
Receitas
Entre as inovações culinárias de Fátima Bosa, estão pães, bolos, patê, broa e até brigadeiros feitos do fruto são comuns em Goiás. Porém, o tradicional modo de preparo é o que mais agrada os moradores da região. “Feito juntamente com a carne de porco, arroz ou frango caipira fica tudo de bom. Mas, o pequi tem que ser aquele colhido do chão porque é o melhor”, revela, acrescentando ainda que Já existem pesquisas ainda não divulgadas sobre a casca do pequi, que hoje em dia ainda é descartada. “Ela pode ser usada para produzir alguns tipos cosméticos”, afirma a pesquisadora, que é responsável por 31 criações de novas receitas do pequi.
Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Através de sua unidade local, o IBGE repassou alguns dados importantes acerca dessa cultura disseminada no Centro-Oeste, Norte e Nordeste do Brasil.
Segundo a Produção da Extração Vegetal e Silvicultura 2017, Goiás produziu na extração vegetal 2,6mil toneladas de pequi, fruto nativo do bioma Cerrado, no ano de 2017, produção 94,4% maior do que a de 2016 (1,3 mil toneladas). Goiás se manteve em 2017 como o segundo Estado com a maior extração de pequi no País, perdendo somente para Minas Gerais que produziu 21,4 mil toneladas naquele ano. Os números deste ano ainda não foram divulgados.
Por sua importância sócio-econômica e de valor na gastronomia, a Emater – Goiás cultiva uma área experimental no Campus 2, em Goiânia. A pesquisa da empresa goiana busca o pequi sem espinhos. Para a iniciativa, a instituição conta com o apoio da Embrapa. Por sinal, Goiás, um dos estados onde predomina a espécie do fruto Caryocar brasiliense, mas foi encontrado na natureza um tipo de pequi sem espinhos. “A Emater está estudando os filhos desse pequizeiro, nos chamados estudos de progênese, e cruzando com outros tipos, a exemplo do pequi com polpa mais desenvolvida e de cor mais alaranjada. O objetivo é que o cruzamento possa gerar frutos mais polpudos e sem espinhos. No banco de germoplasma de Anápolis, já temos 600 filhos desse pequi”, revela Elainy Pereira, pesquisadora da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater).
LÍDERES GOIANOS DO PEQUI
Os municípios goianos que mais produziram pequi na extração vegetal em 2017 foram: Santa Terezinha de Goiás (400 toneladas – 16º maior produtor nacional); Sítio d’Abadia (350 toneladas – 20º maior produtor nacional); Niquelândia (200 toneladas); Campos Verdes (200 toneladas) e Damianópolis (180 toneladas).
O valor da silvicultura e da extração vegetal em Goiás somou R$ 240,1 milhões em 2017, apresentando redução de 6,0% em relação a 2016 (R$ 255,5 milhões). A extração vegetal (coleta de produtos em mata de florestas nativas) teve participação de 8,9%(R$ 21,2milhões) no valor da produção total em Goiás no ano de 2017.
Quando comparado a 2016 (R$ 23,8 milhões) observou-se uma queda de 10,4% no valor da produção da extração vegetal no estado em 2017. Os produtos madeireiros foram responsáveis por todo valor de produção da silvicultura (R$ 218,8 milhões) em Goiás. Já para a extração vegetal, os produtos madeireiros representaram 74,9% (R$ 15,9 milhões) do valor total da produção.
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