Derretimento da Antártica é seis vezes maior do que há 40 anos, revela Nasa

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Um relatório divulgado,​​ semana​​ passada, pelas Nações Unidas comprova que está ocorrendo uma destruição de espécies animais e vegetais sem precedentes. Os seres humanos estão alterando o meio ambiente de forma tão dramática que um milhão de espécies de animais e plantas correm risco de extinção.

O estudo da ONU aponta que cerca de três quartos da área terrestre do planeta já foram alterados pelo homem. Um lugar no planeta onde os efeitos das mudanças climáticas já são claros é a Antártica.

A perda anual de gelo na Antártica já é seis vezes maior do que era há 40 anos e está se acelerando. É o que aponta um dos mais abrangentes estudos de mudanças climáticas produzidos no continente, elaborado pela Nasa.

O estudo internacional utilizou fotos aéreas, dados de satélites e modelos climáticos da década de 1970 em todas as regiões da Antártica para obter o quadro mais completo dos impactos das mudanças climáticas até o momento. O derretimento do gelo local já elevou o nível do mar em 1,4 centímetro desde 1979. ​​ Se mantida a tendência, o aquecimento poderá ser responsável por um maior aumento no futuro.

A pesquisa mostrou que, entre 1979 e 1990, o continente perdeu, em média, cerca de 40 bilhões de toneladas de gelo por ano. Entre 2009 e 2017, a perda chegou a 252 bilhões de toneladas por ano. Isso fez com que o nível dos mares aumentasse 3,6 milímetros a cada década.

— Nós estamos falando apenas da ponta do iceberg. Enquanto a massa de gelo da Antártica continuar a derreter, o nível do oceano deverá aumentar vários metros nos próximos séculos — disse Eric Rigton, professor da Universidade da Califórnia, em Irvine, e autor do estudo publicado na Nature Geoscience.

Contrariando 'céticos'

A nova pesquisa fornece uma análise das mudanças na perda de gelo em diferentes locais da Antártica e ajuda a entender a confusão que levou​​ alguns céticos das mudanças climáticas a acreditar que gelo do continente estaria aumentando, diferentemente do apontado pela pesquisa.

Alguns estudos anteriores sugeriram que a cobertura de gelo está aumentando no leste do continente com rapidez suficiente para cancelar as perdas da parte oeste mais visíveis, particularmente na extensão do gelo marinho.

A última pesquisa aponta que a perda de gelo no leste da Antártica contribuiu significantemente para o aumento do nível do mar, mas ela aponta que outros estudos devem ser feitos sobre os fatores que causam esse impacto.

​​ A área da Terra Wilkies, no leste da Antártica, sempre foi, no geral, um importante participante na perda de massas, mesmo nos anos 1980, como a nossa pesquisa mostrou. Essa região é provavelmente mais sensível ao clima do que tradicionalmente se supõe e isso é importante saber, uma vez que tem mais gelo do que o oeste e a península da Antártica juntos — diz Rignot.

Os pesquisadores não encontraram nenhuma mudança significativa na queda de neve no continente, mas constataram que o aquecimento do nível do mar tem impulsionado a acelerada perda de gelo. Isso tem aumentado as taxas de derretimento das geleiras ao redor das bordas dos continentes.

— Na medida em que o aquecimento do clima e o esgotamento do ozônio enviam mais calor para esses setores, eles seguirão contribuindo para o aumento do nível do mar na Antártica nas próximas décadas — explica.

O aquecimento global está provocando um degelo mais acelerado da Antártica – uma velocidade seis vezes superior à registrada há 40 anos. Isso deve provocar uma maior elevação do nível do mar em todo o mundo, segundo anúncio feito por pesquisadores nesta segunda-feira (14).

Eric Rignot, principal autor do trabalho, espera que o ritmo do degelo leve a um aumento maior do nível do mar do que o previsto para os próximos anos.

"Se as camadas de gelo da Antártica continuarem derretendo, teremos um aumento de vários metros do nível do mar", advertiu Rignot.

O trabalho atual mostra a avaliação mais longa da história sobre as massas de gelo da Antártica – foram analisadas 18 regiões geográficas do continente. As informações foram obtidas por meio de fotos aéreas de alta resolução capturadas por aviões da Nasa e por satélites de diversas agências espaciais.

Estudos anteriores preveem um crescimento de 1,8 metro no nível do mar até 2100. Várias cidades costeiras poderão ser inundadas, lugares onde vivem milhões de pessoas.

Os cientistas concluíram que entre 1979 e 1990 a Antártica perdeu, em média, 40 bilhões de toneladas de gelo por ano. Entre 2009 e 2017, essa perda subiu para 252 bilhões de toneladas por ano.

Segundo os pesquisadores, até certas zonas consideradas "estáveis e imunes à mudança climática" na Antártica Oriental sofrem com o degelo.

"O setor da Terra de Wilkes, na Antártica Oriental, sempre foi um participante importante na perda de gelo, inclusive nos anos 80. Essa região é provavelmente ainda mais sensível à mudança climática do que se acreditava. É importante saber porque ela tem mais gelo que a Antártica Ocidental e a Península Antártica juntas". Rignot disse que o aumento da temperatura dos oceanos acelerará o processo – outras pesquisas recentes mostraram que a temperatura das águas do planeta também está aumentando mais rápido que o previsto pela ciência e batendo recordes.

 

Fontes: O Globo e Fantástico

 

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