É tempo de economizar água! Com o agravamento da seca, níveis de hidrelétricas em Goiás são os mais baixos em 91 anos

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Foto: Tiago Laranjeira – Flickr

O mês começou com os principais reservatórios de hidrelétricas do Sistema Interligado Nacional em níveis mais baixos para essa época do ano. Historicamente, os valores verificados para 2021 são os piores em 91 anos, de acordo com o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico.

Para termos uma noção do que representa essa produção, o engenheiro eletricista Victor Bitencourt, explica que 500 MW é a potência suficiente para suprir a demanda energética média de uma cidade de cerca de 1 milhão de habitantes, de forma instantânea.

O engenheiro explicou ainda como funciona a capacidade de produção energética das usinas quando têm baixo volume de água nos reservatórios.

“Esse volume útil não muda a capacidade da usina, mas limita a geração de energia [para que o nível não abaixe a ponto de não ter mais água suficiente]. O que se faz é não gerar tudo para não descer muito [o nível da água], ou gerar de acordo com a quantidade de água que chega”, explicou o engenheiro eletricista Victor Bitencourt.

Essa “quantidade de água que chega” é chamada de afluência. Segundo a ONS, o Brasil enfrenta, atualmente, as “afluências mais baixas dos últimos 91 anos no Sistema Interligado Nacional (SIN)”.

Apesar da situação delicada, o órgão destacou que “está tomando todas as medidas técnicas e operacionais cabíveis para manter a continuidade do atendimento ao consumidor de energia elétrica no Brasil”.

A ONS mapeia e avalia as usinas que fazem parte do SIN. Além dessas unidades, segundo o próprio órgão, há geradoras menores que também comercializam energia, mas não integram o sistema, portanto não estão mapeadas pelo Operador.

Locais de dez hidrelétricas em Goiás — Foto: CGA/TV Anhanguera

Locais de dez hidrelétricas em Goiás — Foto: CGA/TV Anhanguera

A ONS oferece dados sobre o nível de reservatórios e produção de energia de dez hidrelétricas em Goiás.

Confira abaixo porcentagem média da quantidade de água em cada usina em agosto e quanto cada uma gerou em MW no registro mais recente:

Usina Batalha – em Cristalina
Volume útil médio de agosto de 2021: 21,6%
Capacidade: 53 MW
Gerou em 2 de setembro: 8 MW

Usina Caçu – em Caçu
Volume útil médio de agosto de 2021: 96%
Capacidade: 65 MW
Gerou em 2 de setembro: 14 MW

Usina Corumbá – em Corumbaíba
Município de Corumbaíba
Volume útil médio de agosto de 2021: 67%
Capacidade: 375 MW
Gerou em 2 de setembro: 127 MW

Usina Corumbá 3 – em Luziânia
Volume útil médio de agosto de 2021: 88%
Capacidade: 96 MW
Gerou em 2 de setembro: 32 MW

Usina Corumbá 4 – em Luziânia
Volume útil médio de agosto de 2021: 62%
Capacidade: 127 MW
Gerou em 2 de setembro: 45 MW

Usina Espora – em Aporé
Volume útil médio de agosto de 2021: 47%
Capacidade: 32 MW
Gerou em 2 de setembro: 20 MW

Usina Itumbiara – em Itumbiara

Volume útil médio de agosto de 2021: 11%
Capacidade: 2.083 MW
Gerou em 2 de setembro: 439 MW

Usina São Simão – em São Simão
Volume útil de agosto de 2021: 20%
Capacidade: 1.710 MW
Gerou em 2 de setembro: 710 MW

Usina Serra do Facão – em Campo Alegre de Goiás
Volume útil de agosto de 2021: 24%
Capacidade: 213 MW
Gerou em 2 de setembro: 100 MW

Usina Serra da Mesa – em Minaçu
Volume útil de agosto de 2021: 27,3%
Capacidade: 1.275 MW
Gerou em 2 de setembro: 824 MW

Reservatório de hidrelétrica em Goiás - imagem de arquivo — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Reservatório de hidrelétrica em Goiás – imagem de arquivo — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Consequências

Para continuar suprindo a demanda de energia elétrica mesmo com as hidrelétricas gerando menos, o engenheiro eletricista Victor Bitencourt explicou que é necessário acionar usinas térmicas que também produzem energia, mas de forma mais cara.

“Nessa crise, o comitê de monitoramento elétrico precisa acionar as térmicas emergenciais, que têm um sistema a partir de diesel comum, o mesmo do caminhão. Em Goiás temos quatro dessas. O problema é que o custo é bem mais alto”, avaliou.

Um gráfico da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) mostra que a média do preço no Centro-Oeste é de mais de R$ 580 – o mais alto dos últimos três anos.

Tempo de economizar água

A perspectiva é de pouca geração de energia nas hidrelétricas e aumento da produção nas termelétricas, o que encarece o valor da energia para o consumidor final.

Com a bandeira vermelha, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o valor de 100 quilowatts/hora fica em R$ 6,24. Na bandeira amarela, por exemplo, o custo era de R$ 1,34.

Preocupado com as contas no final do mês, o zelador José Cardoso Rodrigues conta como faz para economizar água e energia em casa.

O monitor de Secas, da Agência Nacional de Águas, apontou que, sete estados tiveram um agravamento da seca em abril: Goiás, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

Nos casos do Paraná e do Rio Grande do Sul, aconteceu uma expansão da área com seca grave. Na terça-feira, a Agência chegou a publicar, no Diário Oficial da União, Declaração de Situação Crítica da Região Hidrográfica do Paraná.

É a primeira vez que esse tipo de medida foi tomada e a situação é válida até 30 de novembro deste ano. Com informações de Agência Brasil e G1GO

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