Início do plantio das espécies nativas do Cerrado. Foto: Neylon Jacob
Nos últimos anos, o Cerrado tem sofrido com o constante desmatamento, situação que compromete ainda mais o bioma que perdeu cerca de 50% da vegetação original e viu o aumento de desmatamento e incêndios bater recorde neste ano. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Cerrado teve 3.774 km² de área desmatada entre 1º de janeiro e 31 de agosto, número 25% em comparação com o mesmo período do ano passado. Já o número de incêndios é o maior desde 2012.
Diante desses números alarmantes, algumas iniciativas buscam reverter esse cenário por meio da recuperação de áreas degradadas. Em Pirenópolis, por exemplo, uma área de 20 mil metros quadrados, que antes era destinada à pastagem de gado, dará espaço ao reflorestamento com espécies nativas. O plantio de cerca de 600 mudas foi iniciado nesta semana e seguirá até sexta-feira (3) com o objetivo de resgatar a fauna e a flora da região.
A iniciativa faz parte de um projeto desenvolvido em parceria entre a estância Moriá Village, uma estância turística de cabanas voltadas para quem curte o ecoturismo, que abrange a área a ser recuperada, e o ProFloresta, projeto de extensão da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG). De acordo com o empreendedor Neylon Jacob, o objetivo é promover a recuperação da área com o plantio de diversas espécies típicas do Cerrado. “Já temos mudas de gabiroba, mangaba, ipê, aroeira, baru… Queremos, além de promover um maior contato dos visitantes com a natureza, atrair espécies animais, principalmente aves, como periquitos, tucanos e araras-azul”, destaca o empreendedor.
Segundo a doutoranda em Produção Vegetal e participante do ProFloresta, Indiara Nunes Mesquita, o projeto busca difundir o conhecimento técnico-científico relativo à conservação e manejo dos recursos florestais. Ela ainda afirma que, quanto maior o número de mudas plantadas e áreas restauradas, maior será o benefício do meio ambiente para a sociedade.
“O reflorestamento de locais como o Moriá será importante em vários aspectos, como na manutenção da umidade do solo e controle de inundações; controle da erosão pela proteção proporcionada pelo sistema radicular das plantas; prevenção contra tempestades de poeira que vem se tornando mais comuns em áreas abertas e desmatadas devido ao aquecimento global; redução na temperatura e na velocidade dos ventos; conservação da vida silvestre que além de encontrarem um refúgio no local reflorestado poderão propiciar a propagação de sementes e restauração da área”, destaca Indiara.
A parceria pretende deixar a estância com cerca de 40% da área do empreendimento com árvores nativas. O início do plantio acontecerá nas áreas que cercam o Moriá Village, posteriormente, as espécies também serão plantadas no interior da estância que está localizada a 130 km de Goiânia e 150 km de Brasília.
Sobre o projeto
O Moriá Village é uma extensão da estância Shambala Piri e foi projetado e construído para atingir o público formado por casais. Já o ProFloresta é um projeto de extensão que pertence ao Laboratório de Inventário Florestal da UFG. O projeto desenvolve ações educacionais e o desenvolvimento profissional com o objetivo de difundir o conhecimento técnico-científico relativo à conservação e manejo dos recursos florestais.
Além disso, o projeto busca promover atividades relacionadas à silvicultura, à exploração florestal e à utilização sustentável dos recursos florestais no Cerrado. O projeto completará dez anos em 2022 e já foram reflorestadas em torno de 100 hectares de Cerrado. Foram mais de 100 mil mudas plantadas nestes dez anos.
Conheça o ProFloresta
Mudas Nativas do Cerrado
Viveiro-Escola da EA/UFG
Mudas de espécies florestais nativas do Cerrado
Inaugurado em 2012, o Viveiro-Escola está localizado na Escola de Agronomia da UFG, no campus Samambaia, em Goiânia, e produz e comercializa mudas de espécies florestais nativas do Cerrado. O viveiro faz parte do Laboratório de Inventário Florestal, sendo administrado pelo Pró-Floresta®, um projeto de Extensão do curso de Engenharia Florestal da EA/UFG, coordenado pelo Prof. Fábio Venturoli.
Anualmente são produzidas cerca de 30 mil mudas de mais de 100 espécies florestais, especialmente espécies nativas do bioma Cerrado. As sementes são coletadas durante as atividades de campo realizadas nos projetos de pesquisa do Laboratório de Inventário Florestal, assim como, em expedições de campo executadas pelos discentes e docentes da UFG.
O Viveiro-Escola patrocina o Prêmio Semeador Pró-Floresta, que destaca os três maiores coletores e fornecedores de sementes para o viveiro no ano corrente. O prêmio é aberto à comunidade e as normas para participação são divulgadas publicamente sempre no mês de março de cada ano. A cerimônia de premiação ocorre no final do ano letivo, em dezembro. Desde 2015 já foram entregues no viveiro cerca de 500 kg de sementes de mais de 150 espécies do Cerrado. As sementes são estudadas e testadas pelos pesquisadores da UFG, sendo utilizadas na produção de mudas.
No Viveiro-Escola, o Pró-Floresta oferece anualmente uma Oficina de Produção de Mudas de Espécies Florestais Nativas do Cerrado. As turmas são abertas à comunidade para que profissionais que atuam nesta área possam aprender um pouco mais sobre o tema, participando ativamente de todas as etapas que envolvem a produção de mudas em um viveiro florestal.
É possível ainda desenvolver atividades de Estágio Supervisionado e a monografia de final de curso no Viveiro-Escola. Para isso o interessado deve procurar o Laboratório de Inventário Florestal da UFG, na Escola de Agronomia da UFG, onde será elaborado um Plano de Trabalho de estágio. No estágio o estudante terá a supervisão de um dos docentes que atuam no Laboratório.
O Viveiro-Escola não faz doação de mudas para empresas ou para interesses particulares. Doação de mudas somente para projetos sociais e ambientais e com alguma contrapartida para a UFG. Para fazer uma solicitação o interessado deve obrigatoriamente enviar para o Laboratório de Inventário Florestal um documento com as informações relevantes da atividade e com a quantidade de mudas desejadas. Entretanto. Deve-se entender que uma solicitação não garante de doação das mudas. O atendimento à solicitação será feito observando as demandas do viveiro e as espécies excedentes das atividades já programadas.
A equipe do Viveiro-Escola também desempenha atividades de consultoria e assistência técnica florestal. Com isso, elabora e executa projetos florestais, especialmente os que envolvem Inventário Florestal, Reflorestamento e Recuperação de Áreas Degradadas no Cerrado. Essas atividades do projeto são regulamentadas pela Resolução CONSUNI Nº 009/2006 e os recursos são recolhidos em um Centro de Custos administrado pela Fundação de Apoio à Pesquisa da UFG/FUNAPE. A utilização dos recursos pelo Pró-Floresta se dá mediante um Plano de Trabalho aprovado pela UFG e especificado no Projeto de Extensão (PD037-2018).
A produção de mudas no Viveiro-Escola da UFG está inscrita e credenciado no RENASEM N° GO-01716/2014. Responsável Técnico Prof. Fábio Venturoli, Eng. Florestal, CREA-DF 10.955/D (15.799/V CREA-GO).
Localização e horário de funcionamento
O Viveiro está localizado na estrada GIN-010, que dá acesso ao residencial Itanhangá e funciona de segunda à sexta-feira das 8 às 16 horas.
Espécies produzidas
Acesse abaixo o arquivo com a relação de espécies produzidas.
O ProFloresta® não faz doação de mudas para empresas nem para fins particulares e comerciais. Para estes casos, fazemos a doação de mudas somente mediante a contratação dos nossos serviços de Assistência Técnica.
Contato
1. Eng. Agrônomo Guilherme Murilo Oliveira
2. Prof. Fábio Venturoli
(62) 3521-1563
profloresta.agro@ufg.br
02 de dezembro, 2021 às 06:32:00
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