Aglomerado de pessoas em frente a Delegacia em busca de esclarecimentos
Vanessa Leal com o diploma nas mãos e o convite de sua formatura realizada em maio 2017
Alunos abraçados aos falsários e enganadores
O sonho virou pesadelo! Ao meio aos caos da crise civil e financeira que assola o país, alguns moradores de Pirenópolis têm que conviver com uma situação ainda mais catastrófica, quando destruíram sonhos, tiraram expectativas e acarretaram prejuízos pessoais irreversíveis em várias famílias pirenopolinas.
Expressões de pavor, decepção, cansaço e desespero eram percebidas nas faces de grande parte das 300 vítimas da associação criminosa, que compareceram na tarde de ontem(28), à Delegacia de Polícia Civil de Pirenópolis em busca de esclarecimentos sobre o golpe sofrido.
A operação denominada Kairós, foi desarticulada na última sexta-feira pela Polícia Civil, quando prenderam uma quadrilha de falsários, entre eles estavam, Rafael Inácio Gomes e Maria Aparecida Alves. Essa dupla, juntamente com outras pessoas, vinham há mais de três anos enganando jovens, donas de casas e pirenopolinos em geral, com o oferecimentos de cursos de graduação em Pedagogia, Psicologia, Administração, Ciências Contáveis e Educação Física, todos eles falsos sem reconhecimento do Ministério da Educação(MEC) e intermediando a entrega de diplomas falsos.
De acordo com Vanessa Leal, que cursou três anos de graduação em Pedagogia, com mensalidades no valor de R$ 250,00, fora as rematrículas pagas duas vezes por ano e apostilas. “Nosso prejuízo não foi apenas financeiro, e sim, moral, mental e familiar. Fiz muitos sacrifícios para arcar com o valor do curso, cheguei a deixar de comprar coisas pros meus filhos. Como ficaremos agora? Teremos nosso prejuízo ressarcido? Nós cumprimos com todas as exigências didáticas do curso. Foram três anos árduos pra todos nós e no final, quando achávamos que iríamos ter nossos diplomas e consequentemente uma chance melhor de trabalho, vamos ficar a ver navios? Não! Queremos uma explicação sim, seja de onde for, ou da polícia ou do Ministério Público ou de alguma instituição. Merecemos um esclarecimento oficial”, desabafou Vanessa, que junto de sua turma, colou grau no final do ano passado, com festa, beca e muita vontade de exercer a profissão.
Outro enganado foi Ricardo Geraldo Delfino. Ele cursou pedagogia também por três anos. “Estou muito decepcionado. Fizemos o curso, pagamos o que era exigido, mas no final quando iríamos receber o diploma, veio essa notícia bombástica. Tudo fraude, nada de diploma. Como ficaremos?” indagou.
Os prejuízos financeiros de cada aluno variam de R$ 15 mil a R$ 17 mil e muito desses alunos fizeram sacrifícios enormes, para arcar com os valores. O rombo deixado pela quadrilha atinge a cifra de milhões, pois foram, sete turmas de pedagogia, uma de psicologia, uma de Educação Física, uma de Ciências Contábeis, uma de Administração de Empresas, todas elas com 20 alunos por turma.
A situação da Delegacia na tarde desta segunda-feira era calamitosa. Muitos porques, sem nenhuma respostas. A Delegada titular, Carla do Bem Monteiro não compareceu. Segundo seus assessores não encontrou combustível para vir de Anápolis para cá, como faz todos os dias.
Alguns depoimentos foram colhidos, mas como havia um número elevado de pessoas, a atendente da delegacia, pediu para os demais deixarem os dados e posteriormente seriam comunicados ou até mesmo intimados.
Quais serão os próximos passos a serem tomados? Tem alguma chance de conseguir o diploma? O dinheiro investido será ressarcido? Como ficam essas pessoas prejudicadas?
Essas são as perguntas a serem respondidas às inúmeros cidadãos de bem que tiveram suas vidas ceifadas pelo oportunismo, mal caratismos e desonestidade de muitos, num país onde a corrupção impera.
Operação Kairós
Com apoio operacional da 3ª Delegacia Regional de Polícia (Anápolis) e unidades, bem como do Genarc (Grupo de Repressão a Narcóticos) de Niquelândia, desarticulou na manhã desta sexta-feira (25) a Operação Kairós, na qual foram cumpridos quatro mandados de prisão temporária e seis mandados de busca e apreensão nas cidades de Pirenópolis, Niquelândia e Jussara.
De acordo com a matéria do site da Polícia Civil, a delegada esclareceu que, segundo os levantamentos iniciais, existem mais de 300 vítimas da associação criminosa na cidade, algumas delas exercendo de forma possivelmente irregular atividades profissionais ligadas aos golpes perpetrados pela quadrilha.
A Polícia Civil não vai divulgar os nomes dos presos neste momento para não atrapalhar a sequência das investigações.