Menos de 10% de rodovias nacionais estão perfeitas, pior índice em 25 anos

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A degradação das rodovias brasileiras caiu em 2022 a níveis nunca antes vistos, com as condições do pavimento considerado perfeito abrangendo apenas 8,9% da extensão. É a primeira vez em 25 anos de pesquisa que o índice caiu abaixo de 10%.

De acordo com o levantamento divulgado nesta quarta-feira (09) pela Pesquisa CNT de Rodovias 2022, o pavimento considerado perfeito chega a 8,9%, o desgastado responde por 50,5%, contêm trincas, malhas e remenndos 35%, há afundamentos, ondulações e buracos em 5% e foram simplesmente destruídas 0,6%.
“Há dez anos, as rodovias perfeitas eram 35% e pela primeira vez em 10 anos caiu abaixo de 10%, o que demonstra uma grande degradação das rodovias”, afirma Bruno Batista, diretor executivo da CNT.
Os dados apontam que o Estado Geral da malha rodoviária brasileira piorou em 2022. Dos 110.333 quilômetros avaliados, 66,0% foram classificados como Regular, Ruim ou Péssimo. Em 2021, esse percentual era de 61,8%. A CNT informa ter procurado pessoas da equipe de transição do governo federal para pedir mais verbas para a infraestrutura rodoviária.

Com o objetivo de colaborar para o desenvolvimento do transporte rodoviário de cargas e de passageiros, a Confederação avalia 100% da malha rodoviária pavimentada federal e as principais rodovias estaduais.

Durante 30 dias, 22 equipes percorreram as 5 regiões do Brasil de forma a compor os resultados da Pesquisa de 2022, que passa a integrar a maior série histórica de informações rodoviárias do país, realizada pela CNT desde 1995.

Trata-se do maior e mais completo acompanhamento sobre o estado geral das rodovias brasileiras. Neste levantamento, são analisados Pavimento, Sinalização e Geometria da Via, como também a existência de pontos críticos.

Tais características levam em conta, respectivamente, variáveis como condições da superfície; placas e faixas de sinalização e defensas; além de elementos da via, como curvas, acostamentos, pontes e viadutos. Esses aspectos recebem classificações que vão desde Ótimo e Bom a Regular, Ruim e Péssimo.

Em toda a malha pesquisada, foi observada uma piora significativa na característica Pavimento em relação ao resultado de 2021. A CNT identificou que 55,5% (61.311 quilômetros) da extensão encontram-se em estado Regular, Ruim ou Péssimo, um acréscimo de 3,3 p.p. em relação ao ano anterior. Para a Sinalização, 60,7% (66.985 quilômetros) foram considerados deficientes (Regular, Ruim ou Péssimo), enquanto para Geometria da Via, este valor corresponde a 63,9% (70.445 quilômetros).

Rodovias públicas


Na comparação com o ano passado, a piora dos trechos federais e estaduais sob gestão pública chama a atenção.

O Estado Geral na classificação Ótimo e Bom caiu de 28,2% para 24,7%, em 2022 — sua segunda queda consecutiva.

Em 2019, o percentual era de 32,5%. Em 2020, o levantamento não foi realizado devido à pandemia de covid-19. Portanto, 75,3% (65.566 quilômetros) da malha rodoviária sob gestão pública apresentam algum tipo de problema, sendo classificados como Regular, Ruim ou Péssimo.

Já entre as características analisadas, o Pavimento destas rodovias apresentou a maior queda de qualidade: o percentual da classificação Regular, Ruim e Péssimo aumentou de 59,4%, no ano passado, para 62,7%, este ano.

Rodovias concedidas


Em contrapartida, os resultados da avaliação do Estado Geral das rodovias concedidas apontam que 69,0% dos 23.238 quilômetros pesquisados são classificados como Ótimo ou Bom; 25,8% (5.988 quilômetros), Regular; e apenas 5,2% (1.209 quilômetros), Ruim ou Péssimo.

O cenário é diferente porque, tradicionalmente, há um maior investimento feito pelas concessionárias em relação às aplicações realizadas pelo setor público. Porém, assim como os trechos sob gestão pública, em 2022, as rodovias sob responsabilidade da iniciativa privada também não escaparam da piora.

Em 2021, o Estado Geral Ótimo ou Bom destas rodovias era de 74,2% — ou seja, o índice apresentou queda de 5,2 p.p.

Impactos

Estes resultados são desfavoráveis aos transportadores e aos demais usuários, visto que circular em rodovias em condições inadequadas pode trazer graves riscos à segurança, além de custos adicionais de operação, como manutenção frequente do veículo e aumento do tempo de viagem e do consumo de combustível.

Empresas do transporte rodoviário de cargas podem ter um acréscimo de, em média, 33,1% no custo operacional que teriam caso as rodovias estivessem em estado Ótimo.

Essas condições inadequadas ocasionam, ainda, danos ambientais e à saúde, pois propiciam o aumento de emissões de gases de efeito estufa. Além disso, representam um custo de, aproximadamente, R$ 4,89 bilhões para os transportadores de cargas e de passageiros no Brasil, uma vez que se estima um consumo adicional e desnecessário de 1,072 bilhão de litros de diesel.

Assim, os resultados da Pesquisa CNT de Rodovias 2022 demonstram a urgência de estruturação de ações voltadas à melhoria das rodovias brasileiras. Fonte: Quatro Rodas

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