Pegar Covid-19 depois da vacina não significa que o imunizante falhou

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Sim, você pode pegar o coronavírus depois de tomar as duas doses da vacina. E, quanto mais ele circula, maior a chance de isso acontecer. Mas está longe de indicar que os imunizantes contra a Covid – 19 não funcionam. Os resultados da disseminação da variante Delta em outros países só reforçam a importância da vacinação.

“As vacinas ainda protegem dessa mutante, especialmente para evitar hospitalizações e mortes. O que estamos vendo é uma queda na proteção contra a infecção. E isso é mais significativo em pessoas que transmitem a doença. Mas eles próprios praticamente não adoecem”, conta o infectologista Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

O caso dos Estados Unidos ilustra bem essa situação. O país vive um aumento de casos com a chegada da Delta, inclusive entre imunizados. Porém, mais de 97% das internações e 99% dos óbitos nessa nova fase da pandemia de coronavírus estão ocorrendo entre os não-vacinados, aponta o Centro de Controle de Doenças do país.

Dados da mesma entidade do final de julho indicam que 6 500 casos de internação ou morte por Covid-19 foram relatados entre os mais de 160 milhões de norte-americanos vacinados. Isso significa que menos de 0,004% dos totalmente imunizados tiveram que ser hospitalizados por Covid-19 e menos de 0,001% morreu pela doença. Já para quem não recebeu as picadas, há entre 10 e 15% e 1 a 2% de agravamento ou óbito, respectivamente.

O que acontece quando um vacinado pega Covid-19

Antes de tudo, é bom lembrar que nenhuma vacina oferece 100% de proteção. “Vemos a ocorrência de sarampo e gripe entre os vacinados contra essas doença. Com o coronavírus não é diferente. Mas, mesmo quando a vacina não desperta no organismo uma resposta imune suficiente para prevenir a doença, quase sempre atenua sua gravidade”, aponta Kfouri.

Para entender por que isso acontece, vamos pegar emprestada uma explicação dada pelo imunologista Deepta Bhattacharya, da Universidade do Arizona, ao site The Atlantic. O especialista compara o ataque de um vírus com um exército tentando invadir um forte inimigo.

O imunizante, nesse exemplo, atua como um espião, que estuda a ameaça antes e entrega informações sobre ela para quem está dentro do forte. Com isso, é possível atuar em várias das frentes de combate: patrulhar melhor a vizinhança em busca do inimigo, construir armas melhores, específicas para ele e, em alguns casos, até eliminar o eliminar os adversários antes que eles sequer se aproximem dos muros.

As fórmulas dão uma mãozinha para as defesas, mas a capacidade de resposta depende ainda do organismo da pessoa e do nível de exposição ao vírus. Ora, a vacina não é capaz de neutralizar todas as ofensivas, isso é sabido. Logo, se os ataques não param de acontecer, em algum momento um invasor vai penetrar as defesas do forte.

A variante Delta parece aumentar a possibilidade disso acontecer, pois se replica rápido nas vias aéreas superiores. “E isso ocorre antes de o sistema imune ser ‘acordado’. Nesse tempo, a carga viral aumenta e a pessoa pode passar o vírus adiante, mesmo que só tenha sintomas leves ou seja assintomática”, comenta Denise.

As vacinas ainda funcionam contra a Delta

Mas, nesse caso, tomar a segunda dose é ainda mais importante. Em estudo publicado no periódico New England Journal of Medicine,  houve redução de efetividade contra infecções no geral após a primeira dose das vacinas da Pfizer e AstraZeneca (a blindagem vai para a casa dos 30%). Com o esquema completo, a proteção salta para 74% e 67%, respectivamente.

Para a Coronavac ainda não temos dados disponíveis. Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, afirmou que ela já foi testada em laboratório contra a nova cepa e funcionou. A entidade está conduzindo um estudo de vida real para confirmar a eficácia da vacina frente à mutante.

De qualquer maneira, sabe-se que, para idosos e indivíduos com o sistema imune comprometido, o perigo oferecido pelo Sars-Cov-2 é maior mesmo depois da picada, pois as vacinas já tendem a apresentar e efeito diminuído nesse público. Nos Estados Unidos, 74% dos casos de infecção pós-vacina ocorreram em pessoas de 65 anos ou mais.

Vacinados transmitem o coronavírus 

Esse é um alerta importante. Como adiantamos acima, vacinados ainda podem passar o vírus adiante. “Reduzir a transmissão é um ganho secundário. Nossa expectativa maior era impedir adoecimento e óbito, que são os problemas mais urgentes durante a pandemia”, explica a epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

O objetivo é que, com muita gente vacinada e pouca gente doente, o vírus naturalmente circule menos. E algumas vacinas, em especial as de RNA mensageiro (como as da Pfizer e Moderna), até demonstraram reduzir a capacidade de disseminação do vírus. Mas a Delta está mudando esse cenário.

“Países que apostaram nisso para relaxar as medidas de contenção do vírus antes de atingir uma boa cobertura vacinal, acima dos 70%, estão tendo que rever sua estratégia”, comenta Ethel.

Precisamos aprender com isso. “Temos poucas pessoas com o esquema vacinal completo, cerca de um quarto do público alvo. Então, seguiremos com alta circulação do vírus, o que pode ameaçar quem ainda está suscetível”, completa a especialista. E não só eles, mas também os vacinados, ainda que em menor grau.

Vale lembrar que, quando a Delta surgiu na Índia, à época com baixa cobertura vacinal, o estrago foi um dos mais simbólicos e trágicos da pandemia, chegando a 6 mil mortes por dia.

Para impedir novas subidas nos óbitos por aqui, é importante que indivíduos vacinados (e sobretudo os parcialmente imunizados) mantenham cuidados como usar máscaras e evitar aglomerações até que a maior parte da população esteja vacinada e a transmissão comunitária seja, enfim, reduzida. Temos os caminhos, mas a batalha ainda não está ganha. Fonte: Super Abril

 

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