Golpes dos perfis fake de pousadas e casas para temporada em Pirenópolis geram milhões aos cibercriminosos

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Os crimes cibernéticos estão muito crescentes, se tornando cada vez mais criativos, inusitados, pois são atuados em várias e diferentes práticas de estelionato. Em Pirenópolis, por exemplo, por ser um dos destinos mais visitados de Goiás, é muito constante as falsas reservas em pousadas e casas para temporada.                                                                   As organizações criminosas usam de promoções vantajosas e pacotes all inclusive para atrair as vítimas e, consequentemente, alto faturamento.

Conforme apurado, as hospedagens oferecidas pelos criminosos em locais conhecidos da região giram em torno de R$ 350 a R$ 500 para entrar na sexta-feira e sair no domingo, por exemplo. Os valores são abaixo dos praticados pelos estabelecimentos vítimas, que podem chegam R$ 1 mil no mesmo período, a depender da comodidade escolhida.

Depois de captadas, as vítimas são induzidas pelos cibercriminosos a pagarem valores parciais ou totais para garantir a reserva. O pagamento é combinado pelo próprio Instagram ou WhatsApp. Entretanto, as contas para o depósito enviadas pelos estelionatários não batem com as informações da pousada, escancarando o crime, que pode não ser percebido pelas vítimas.

Um dos criminosos, por exemplo, usou uma conta bancária de uma cooperativa de crédito de São Paulo, a Chehnor Laranjeiras. O valor depositado seria encaminhado para uma plataforma de jogos online: a Bitech Ltda. A empresa também é sediada no estado paulista.

Redes de estelionatários

O delegado Tibério Martins, titular da Delegacia de Polícia Civil de Pirenópolis, afirmou que os crimes são praticados por criminosos de vários estados, como Mato Grosso, Ceará, Tocantins e Pará. Os perfis fakes investem em pacotes de seguidores, a fim de passar segurança às vítimas para aplicar o golpe. Apenas um dos investigados, do Rio Grande do Sul, movimentou R$ 10 milhões este ano.

Apenas em 2023, mais de 30 estabelecimentos procuraram a delegacia para denunciar o crime, segundo Tibério. Cada pousada, hotel e casa de veraneio, que tiveram a conta oficial clonada ou hackeada, protocolaram o ocorrido formalmente entre uma e cinco vezes no decorrer do ano passado.

“[A distância] complica a atuação da polícia, que tem que mandar equipes para outros estados para identificar e localizar esses criminosos. Muitos deles são laranjas, pessoas simples e humildes, que alugam a conta. A gente depende de quebra de sigilo bancário e esse pessoal tem a experiência de fazer várias transferências sucessivas”, afirmou.

O investigador explicou que os crimes se intensificaram desde o início da pandemia, em 2020 – ano em que o ambiente virtual ganhou ainda mais força. Tibério afirmou que a Polícia Civil já conseguiu derrubar perfis falsos nas redes sociais, mas que os criminosos voltaram a realizar a prática por meio de novos espaços criados nas plataformas.

Eles apenas mudam uma letra do nome do estabelecimento vítima, o que permite uma nova conta. Entretanto, para o delegado, o maior empecilho para combater a prática é a própria legislação brasileira.

“O sigilo bancário dificulta demais. Se houvesse uma forma da polícia conseguir rastrear o dinheiro só com o ofício seria bem mais fácil pegar o destinatário final. A movimentação financeira deles está altissima”, disse.

Entre os locais que tiveram o perfil hackeado está a pousada Cavaleiro dos Pireneus. O gerente geral do estabelecimento, Caio Brigatti, afirmou que desde julho de 2022 o local tem sido alvo de cibercriminosos. Em uma busca rápida nas redes sociais é possível identificar ao menos quatro perfis falsos que levam tanto o nome, quanto o emblema do estabelecimento.

Apenas um dos perfis fakes, o Cavaleiros dos Pireneus (com S), conta com mais de 119 mil seguidores e 170 publicações, enquanto que o perfil oficial da pousada possui 111 mil seguidores. Caio estima que a pousada já sofreu um prejuízo de mais R$ 100 mil, visto que, em alta temporada, aparecem de duas a quatro vítimas lesadas por quadrilhas semanalmente no local.

“Neste feriado [1º de maio] é muito provável que apareçam vítimas na pousada. Ao chegar na pousada, o recepcionista pergunta o nome da pessoa e quando vai procurar o registro, se depara com essa situação. Já temos uma prática de abordagem, já que essas pessoas muitas vezes vem com a família, com crianças”, explicou.

Caio diz que a atuação dos criminosos tem provocado não só prejuízos financeiros, mas também prejudicado a imagem da pousada, que passa a ser mal vista. “As pessoas passam a vincular a pousada com essa prática e não temos culpa disso. As pessoas também não, são vítimas”.

Dicas para evitar golpes

O delegado Tibério explica que uma das formas de evitar cair em golpes é fazer uma pesquisa mais aprofundada do estabelecimento de interesse, que pode ser encontrado até no site oficial da prefeitura da cidade. Ao iniciar uma conversa, é importante realizar uma chamada de vídeo para conferir se de fato é a pousada, casa de veraneio ou hotel mencionado nos perfis.

Outro fator que requer atenção é o valor das ofertas anunciadas, assim como o nome do destinatário da conta bancária. Em caso de golpe, a vítima deve procurar a delegacia que atende a região onde reside para denunciar o crime, mesmo que seja em outra cidade.

“Os hotéis, a grande maioria, trabalham com CNPJ e não com pessoa física. Eles também possuem plataformas próprias para fazer hospedagens. No perfil das páginas é possível ver quando ela foi criada e as vezes que trocou de nome. É preciso tentar se certificar de todas as formas possíveis”, concluiu o delegado. Com informação de Jornal Opção.                                                                                               Parceiro;

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