Saiba quem é o médico alvo da PF em ação contra fraude em vacinações que atuou em Pirenópolis

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O médico oftalmologista Farley Vinícius Alencar de Alcântara foi alvo da Operação Venire, realizada pela Polícia Federal (PF), ontem (03). Em Pirenópolis, atendeu como Médico Clínico Geral no Hospital Ernestina Lopes Jaime, em 2019/2020 e mantém o registro ativo no Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego). Investigações apontam que autoridades fraudaram o cartão de vacinação contra a Covid-19 e que Farley ajudou a falsificar um dos documentos.

Documentos oficiais também apontam que ele participou de seleções para atuar em organizações sociais e na Secretaria do Estado de Goiás(SES), além dos municípios de Aparecida de Goiânia, Cabeceiras e na capital, . No município de Cabeceiras (Entorno do Distrito Federal), o prefeito vai abrir processo administrativo para apurar sua conduta.

A partir de março de 2020, o oftalmologista começou a atuar como médico residente no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). O salário é de R$ 5.648,19 por mês. Atualmente, conforme o Portal da Transparência do DF, a situação do servidor consta como ativa, mas o status aparece como “desligado”.

A Secretaria de Saúde do DF não retornou para explicar a situação do homem no órgão. Não houve resposta até a publicação desta reportagem.

Farley cursou Medicina na Faculdade de Medicina de Juiz de Fora, de Minas Gerais. De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), o oftalmologista tem inscrição para atuar no Mato Grosso, Distrito Federal, Rio de Janeiro e Goiás. No sistema do CFM, a situação dele aparece como regular apenas nos dois últimos estados.

Nas redes sociais, o homem diz que fez especialização para o tratamento de cataratas no Hospital dos Olhos de São Gonçalo, no Rio de Janeiro. O homem também trabalha como médico em uma clínica particular da cidade. Ele também atuou na cidade de Cabeceiras, em Goiás.

Fraude em cartão de vacinação

Farley Vinícius, alvo da mesma operação da Polícia Federal que Jair Bolsonaro, copiou os dados de vacinação de uma enfermeira não identificada de Cabeceiras, interior de Goiás, para falsificar um cartão de imunização para a esposa de Mauro Cid, Gabriela Santiago Cid.

No entanto, os dados não foram aceitos no sistema de saúde do Rio de Janeiro, onde a mulher teoricamente haveria tomado a vacina. Assim, Luis Marcos dos Reis, então um dos integrantes da Ajudância de Ordens da Presidência da República, pediu ao sobrinho, o médico Farley, que enviasse um cartão em branco para que fosse preenchido com dados do estado. “Amanhã vejo se desenrolo isso. Cartão em branco, né, que ele quer?”, disse Farley em mensagem ao seu tio. “Sim, aí a gente coloca o lote do Rio!”, respondeu Luis Marcos.

De acordo com as mensagens identificadas, o crime não se consumou, pois os lotes das vacinas contra Covid-19, utilizados para inserir no sistema do Ministério da Saúde, não foram distribuídos para o Rio de Janeiro. O crime identificado foi o de peculato eletrônico.

O Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) informou que, até o início da noite desta quarta-feira (3/5), não foi notificado sobre qualquer ação da Polícia Federal envolvendo investigações contra o médico Farley Vinícius Alcântara.

O Cremego informou que “todas as denúncias relacionadas à conduta ética de médicos recebidas ou das quais tomamos conhecimento são apuradas e tramitam em total sigilo, conforme determina o Código de Processo Ético-Profissional Médico”

A operação

A Polícia Federal deflagrou a “Operação Venire”, cujo nome deriva do princípio “Venire contra factum proprium”, que significa “vir contra seus próprios atos”, “ninguém pode comportar-se contra seus próprios atos”. É um princípio-base do direito civil e do direito internacional que veda comportamentos contraditórios de uma pessoa.

Segundo a PF, os suspeitos da fraude inseriram dados falsos de vacinas contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde entre novembro de 2021 e dezembro de 2022.

O objetivo foi emitir certificados falsos de vacinação para pessoas que não tinham sido imunizadas e, dessa forma, permitir que elas pudessem viajar e acessar locais onde a imunização era obrigatória.

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