Vamos morar no “metaverso”, em breve. Mas afinal, o que é isso? Segundo Mark Zuckerberg, metaverso é um conjunto de espaços virtuais onde você pode criar e explorar com outras pessoas que não estão no mesmo espaço físico que você. E foi inspirado no metaverso que o nome da empresa deixou de ser Facebook e virou Meta.
Ainda não chegamos 100% neste novo mundo, mas as histórias de Black Mirror estão cada vez mais perto de serem reais, devido ao avanço rápido da inteligência artificial, o progresso da robótica, a internet das coisas, a chegada do 5Ge a demanda crescente por estar cada vez mais conectado.
Mas e agora que você sabe que um mundo totalmente virtual poderá existir, estudaria em um campus de faculdade virtual? Ou sairia para beber com os amigos em um barzinho virtual?
Muitos acreditam que “metaverso” seja apenas um nome criado para a plataforma Facebook. No entanto, existe um significado bem maior por trás dessa palavra. Trata-se de um conceito de universo online 3D que combina diversos ambientes.
Quando se pensa no futuro da internet, imagina-se que o metaverso vai permitir que os usuários trabalhem, se encontrem e até mesmo socializem em ambientes virtuais.
Assim sendo, seu conceito refere-se à criação de mundos remotos que são centrados em conexões sociais, podendo assumir muitas formas – desde experiência de realidade, com criação de avatar, em que usuários são inseridos em espaços digitalmente transformados, como é o caso de videogames, até a exploração de oportunidades para alcançar clientes onde quer que eles estejam.
Diante desse cenário, que transporta pessoas do mundo real para o virtual e vice e versa, o metaverso é visto como uma das tendências do turismo, podendo desempenhar papéis de grande importância nessa indústria que tem tudo para prosperar ainda mais nos próximos anos.
Qual é a influência do metaverso no turismo?
Durante o período da pandemia, vimos o quão frágeis são alguns setores da economia, entre eles o do turismo. Cidades, hotéis e atrativos turísticos foram fechados por quase dois anos, em uma ação necessária para conter o avanço do vírus e proteger a população.
No entanto, a indústria turística sofreu com os prejuízos financeiros, vivendo um dos momentos mais críticos das últimas décadas.
Existem outras formas de fragilidades que provocam quedas brutas no turismo, como desastres naturais, como aconteceu com Petrópolis ou simplesmente por uma conscientização da sociedade sobre mudanças climáticas, concentrando os esforços de publicidade em viagens locais, em vez de internacionais, para minimizar o impacto no meio ambiente.
Por conta dessas vulnerabilidades, o conceito de turismo no metaverso está ajudando a mudar a indústria ao proporcionar mundos virtuais interativos que alteram a forma como os viajantes se relacionam com o destino sem estar presencialmente no local.
E como fica a experiência do usuário?
Quem pensa que o metaverso é uma ameaça ao turismo está enganado. Na verdade, ele inspira turistas através de experiências interativas de realidade virtual, podendo criar ambientes do mundo real e fornecer ao usuário uma ideia clara do que se pode esperar do destino.
Esse mesmo conceito pode ser aplicado em outros tipos de serviços, tais como hotéis, restaurantes, museus e transportes. Juntos, os setores ajudam o viajante a entender o que eles podem oferecer – ou quanto tempo a viagem necessita para conhecer todos os atrativos.
Em outras palavras, o metaverso incentiva o turista a concluir uma reserva ou uma compra, já que a tecnologia oferece uma experiência de realidade virtual (RV). Com isso, as informações com relação a reservas são entregues com precisão, tornando mais provável que o cliente complete sua jornada de compra, em vez de desistir.
Um bom exemplo são os tours de RV em hotéis a partir de avatares digitais que permitem que os clientes “caminhem” em todos os espaços do ambiente, tendo uma noção do tamanho dos quartos e das instalações da rede hoteleira.
Além disso, o metaverso pode criar experiências que não são possíveis realizar no mundo real, como por exemplo, uma expedição para Marte ou um passeio para conhecer o interior de um vulcão.
Metaverso não é ameaça para o turismo real
A tecnologia não foi criada para ameaçar o turismo real: ela cria possibilidades para que as pessoas tenham momentos únicos e uma experiência que se difere da viagem física.
No entanto, o metaverso pode ser usado como um propagador dos destinos turísticos, alimentando o desejo do cliente até que ele não resista e queira conhecer o local físico.
O turismo do metaverso já está tão divulgado que a Islândia criou uma campanha para promover as belezas do país, de forma contrária ao conceito do metaverso. Em tom de paródia, um apresentador chamado Zack Mossbergsson mostra os atrativos da localidade de forma real, que é tratada como Islandiaverso.
Não há como escapar da tecnologia, especialmente das ferramentas virtuais, que estão transformando o setor de turismo por meio da alteração do relacionamento entre as empresas e seus clientes.
Para Thiago Akira, o metaverso no turismo pode ser aplicado de várias maneiras, como, por exemplo, promover uma conexão entre os mundos real e virtual. “Eu posso trocar uma hospedagem no mundo virtual por um valor e utilizar no mundo real”, exemplifica. E vai além: uma pessoa poderá até mesmo ter um emprego com ganhos no mundo virtual.
“O turismo no metaverso não vai substituir o turismo real. Ninguém vai deixar de ter uma experiência de verdade”, vaticina Akira. Mas permitirá, segundo ele, que você vivencie destinos no conforto de sua casa. Que viaje a Dubai, à Muralha da China ou às pirâmides do Egito. Ou ainda que empreenda uma viagem a Marte por uma agência virtual.
No dia 26 de abril, a companhia aérea Qatar Airways comunicou que entrou no metaverso ao lançar o QVerse, experiência de realidade virtual (VR) que permite navegar pela área premium do Aeroporto Internacional de Hamad e pelo interior da cabine da aeronave. A “Sama” seria, segundo a Qatar, a primeira tripulação de cabine meta-humana do mundo.
Na mesma semana, outra companhia, a Emirates, anunciou o lançamento de NFTs e experiências no metaverso para seus clientes. A aérea dos Emirados Árabes também foi a primeira do mundo, há cinco anos, a oferecer tecnologia de VR no site e a lançar aplicativo de realidade virtual para os usuários terem experiências interativas no interior da cabine.
As duas companhias não são os únicos casos no segmento do turismo. Cada vez mais as empresas do setor, principalmente agências de viagens e redes hoteleiras, têm aderido às recentes tecnologias para oferecer aos clientes novas experiências e conquistar outros viajantes. Nesse sentido, o metaverso é a nova palavrinha mágica no universo das viagens.
Hotelaria
No último mês, dois grupos hoteleiros anunciaram a entrada no metaverso para testar a tecnologia. A rede holandesa espaço no The Sandbox para construir um hotel e planeja criar um lugar onde os avatares possam “trabalhar, dormir e brincar”. Ela espera, eventualmente, vender cerca de 2.000 NFTs, que virão com uma promessa de descontos e vantagens, como bebidas grátis, por exemplo, que o comprador poderá utilizar em propriedades da CitizenM do mundo real.
Já a asiática Millenium Hotels & Resorts, de Singapura, anunciou a abertura de um empreendimento na blockchain ethereum Decentraland, em que já estão Nike, Coca-Cola e Sotheby’s. A partir de 5 de maio, os usuários poderão “se hospedar” no MSocial com seus avatares para explorar a propriedade. Uma das ideais é redefinir a hospitalidade.
O que falam especialistas
Mas o que seria o metaverso? Para Fábio Costa, CEO da Casa Mais, agência que oferece experiências imersivas e interativas, o metaverso é um universo virtual onde as pessoas podem interagir entre si por meio de avatares digitais. “Lá dentro é possível efetuar atividades, como comprar em lojas, ir a shows e interagir com outras pessoas”, explica.
Na definição de Thiago Akira, da TecBuzz, outra empresa que oferece a experiência, o metaverso é um ambiente virtual simulado que recria o comportamento humano do mundo real. “Você pode ter emprego, estudar, construir, comprar coisas, interagir com outras pessoas por meio de avatares. Pode ser também o que é no real ou o que gostaria de ser”, afirma o consultor em marketing digital e teconologias emersivas.
A origem do Metaverso
O metaverso ganhou popularidade em abril deste ano, quando o dono do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou a mudança do nome da rede social para Meta. A primeira menção à tecnologia, no entanto, ocorreu em 2007, no livro “Second Life” (“Segunda Vida”, na tradução), de Michael Rymaszewski, lançado no Brasil pela Ediouro.
A primeira menção à tecnologia ocorreu em 1991 pelo escritor Neal Stephenson, no livro de ficção “Snow Cash” (Editora Aleph), no qual as pessoas tinham a possibilidade de “fugir” para um universo paralelo diferente de sua realidade atual. O protagonista do livro era entregador de pizza no mundo real, mas no ambiente virtual era um príncipe samurai.
O metaverso surgiu novamente em 2007 no livro “Second Life” (“Segunda Vida”, na tradução), de Michael Rymaszewski, lançado no Brasil pela Ediouro. “Second Life” vai além e permite à pessoa escolher sua aparência, personalidade, classe social, profissão, opção sexual etc. e se locomover por meio de um avatar no ambiente virtual e interagir com outros participantes. O livro virou jogo popular e teve auge no Brasil no final de 2006, mas flopou rapidamente em 2009 por uma série de problemas.
Para especialistas em tecnologia e inovação, o Second Life não prosperou porque não conseguiu se viabilizar como mercado e gerar relações econômicas reais. De lá para cá, as tecnologias para criação de um ambiente virtual evoluíram bastante, tanto em termos de equipamentos como de softwares, com avanço de plataformas online e mais segurança.
“Jogador Número 1”.
Em 2018, o cineasta Steven Spielberg, de sucessos como “Tubarão”, “ET”, “Indiana Jones” e “Jurrassic Park”, criou a melhor referência do que seria o metaverso, em “Jogador Número 1”. Em 2045, o mundo está tão ruim que a maioria das pessoas prefere viver no ambiente virtual, tendo intervalos no mundo real apenas para dormir, comer e fazer necessidades.
Para o consultor de marketing digital, Thiago Akira, um único metaverso, como em “Jogador Número 1”, que reúna todos os habitantes do planeta, ainda não é possível. “Podemos chamar o metaverso no plural, de metaversos, porque são muitos. Cada empresa está criando seu próprio metaverso”, afirma.
Também nem tudo o que envolve realidade virtual é metaverso – uma pessoa que usa óculos 3D não necessariamente está no metaverso. O metaverso seria, para o diretor da TecBuzz, a próxima fronteira, ou o futuro, da internet, uma tecnologia com potencial de crescer ou de flopar rápido. “Isso só o tempo poderá dizer”, afirma. Fontes: Rio2c.com e Turismo e Inovação.