Com remuneração muito abaixo do esperado, sem ajuda de custo e muita cobrança, recenseadores do IBGE estão desistindo do Censo Demográfico 2022 em Pirenópolis

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Se os recenseadores que estão atuando no Censo Demográfico do IBGE de 2022 de Goiânia, Anápolis e de todo o Brasil estão com dificuldades de receber e de realizar as coletas e serem remunerados, os de Pirenópolis estão “comendo o pão que diabo amassou”. Já são 45 dias de trabalho e muitos dos 21 recenseadores iniciais já foram substituídos, e alguns dos que estão na ativa, ainda não receberam. Poucos receberam e estão bastante descontentes e indignados. “Inicialmente disseram que iríamos ganhar cerca de R$ 2 mil por setor, mais ajuda de custo semanal, hoje, dia 14, foi depositado apenas R$ 947 com os descontos. Poxa, trabalhamos debaixo do sol, sem ajuda de custo e ainda por cima pagam essa mixaria. Que absurdo! Me senti humilhada e desrespeitada”, revelou uma recenseadora que não quis se identificar.

Outra escreveu um texto em desabafo: “Aos colegas desta jornada, deixo aqui meu depoimento depois de muito ler e ouvir vários fatos e desabafos, o meu sincero apoio. Não fiz nenhum comentário antes pois queria expressar no ultimo momento e por isso assim o faço. Foram tantas coisas vividas neste último mês que daria para escrever um livro com tantas tristezas e alegrias. Quero parabenizar todos pela coragem, garra e principalmente a honradez pelo trabalho executado mediante a tantas dificuldades. Infelizmente não fomos reconhecidos e valorizados como deveríamos nem tão pouco remunerados. Tiro disto tudo uma lição de cidadania que me mantém íntegra no meus princípios. Esperava desse órgão (IBGE) maior competência em sua administração e sobre tudo daqueles que ocasionalmente prestam serviços temporários. Entramos (todos) com muito afinco e acreditando em resultados melhores. Valeu pra mim a experiência e as novas amizades. Termino meu setor com a certeza de missão cumprida e de excelente qualidade mediante ao que tive como apoio e conhecimento. Te toda forma sou grata, mas ficarei mais esperta da próxima. Contem comigo !”, publicou ela.

Todos os recenseadores, responsáveis por obter os dados dos cidadãos em entrevistas por toda a cidade, já relataram problemas. Desde o dia 1º agosto, quando a pesquisa começou, os trabalhadores afirmam lidar com situações inesperadas como o não pagamento referente ao setor de coletas, a ausência do auxílio-transporte para locomoção e até o pagamento valores abaixo do que era esperado, além da falta de educação de alguns moradores. Além disso, há questionamentos sobre a segurança do trabalho.

O resultado do acúmulo de problemas é uma debandada dos profissionais que, mesmo concursados, preferem abrir mão do trabalho que conquistaram. Isso porque, grande parte dos recenseadores recrutados pelo IBGE, grande parte já foram desligados do serviço em menos de um mês, o que representa uma queda do efetivo nas ruas.

Em todo o país, mais de 6.500 rescisões foram registradas. O número representa menos de 5% do total de contratados e, segundo o IBGE, está dentro do esperado. Entre os principais fatores para o abandono dos postos, segundo levantamento feito pela BBC Brasil, estão a baixa remuneração, a falta de uma ajuda de custo para a realização dos trabalhos, como auxílio transporte e vale-alimentação, além de episódios de violência e ameaças registrados durante as entrevistas. As campanha do IBGE em toda a mídia pede para que a população receba bem as equipes, que estarão sempre uniformizadas, com o colete do IBGE, boné do Censo, crachá de identificação com QR Code e um celular com internet para a coleta dos dados.  Caso surja alguma dúvida durante o questionário, o entrevistado também poderá checar se o profissional está habilitado nos canais oficiais do IBGE.

O Censo tem o objetivo de realizar uma ampla coleta de dados sobre a população brasileira e traçar um perfil socioeconômico do país. As informações são essenciais para o desenvolvimento e implementação de políticas públicas e para a realização de investimentos públicos e privados.

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